'Eu sigo adiante. Misturo-me a vocês. Acho vocês uns amores.'

domingo, 11 de julho de 2010


dia desses que a gente acorda com vontade de vestir as roupas do avesso e de trancar portas para passar. dia desses que a gente só precisa sentir que existe liberdade no lugar que nos pertence, ou que a gente pertence a um lugar que nos deixa livre. dia desses que a gente tenta romper o cordão umbilical sem perceber que sempre fica um pouco em nós, sempre fica um pouco no ventre. dia desses que a gente tenta separar as qualidades e os defeitos como se separasse o feijão da sujeira, como se separasse a nata do leite. dia desses que a gente sonha que tudo fique mais claro, que tudo fique menos parecido com essa escuridão que somos. que tudo fique menos parecido com o que a gente odeia. dia desses que a gente passa a odiar o que amava dois minutos atrás. que a gente fica com saudade do que tanto se esforçou pra esquecer. que a gente passa a amar o que odiava dois minutos atrás. dia desses que a gente sente que não tem mais passo pra dar, que não tem mais palavra pra trocar, dia desses que a gente pega tudo isso e fica em dúvida: será que é verdade ou é mentira? a gente fica confuso, a gente fica até meio mole, preguiçoso. a gente não quer resolver nada não, a gente só quer viver os minutos bonitos, quer aproveitar o dia de tempestade mesmo tendo medo de raios. é um dia incerto e instável. instável pra mim e, consequentemente, pra ti. dia mudo, mudo o dia. dia mundo. imundo. logo o dia... o dia livre, o dia logo, diálogo. o dia que a gente tinha, ou que a gente achava que tinha. a gente não tem nada, nem a própria idade. se a gente tivesse a própria idade, a gente poderia jogá-la fora, e pegar uma própria idade nova. propriedade nova. a gente é... assim mesmo! mimados pelas coerências e minados de incoerências.